Resumo
Esta revisão narrativa apresenta uma série de aspectos relacionados com a ampliação do uso de medicamentos opioides para o tratamento da dor crônica não oncológica. O objetivo principal foi analisar o conhecimento atual sobre os potenciais riscos do uso prolongado de opioides com ênfase no desenvolvimento de tolerância, intoxicações e overdoses fatais. A revisão foi construída através da integração de resultados de pesquisa populacional publicadas sobre o tema, protocolos clínicos para o manejo da dor crônica e o relatório da comissão Stanford-Lancet sobre a crise dos opioides na América do Norte. Foram discutidos alguns aspectos relativos à dor crônica não oncológica, as características dos opioides naturais, semissintéticos e sintéticos, questões relacionadas a prescrição de opioides para dor crônica não oncológica, a crise observada nos Estados Unidos e Canadá nos últimos 25 anos, o risco da ocorrência em outros países e algumas propostas para o enfrentamento do problema. Tendo em vista a complexidade do problema, as diversas interações entre o uso clínico e o uso recreativo desses narcóticos, e a falta de evidências científicas sólidas sobre a efetividade do tratamento para dores crônicas, conclui-se pela necessidade de maior desenvolvimento técnico e científico visando o atendimento da necessidade de saúde e a redução dos riscos associados.