Resumo
A infecção do trato urinário (ITU) tem alta prevalência entre mulheres, especialmente com a vida sexual ativa. O manejo dessa infecção envolve o uso de antimicrobianos de maneira apropriada e segura, para evitar consequências relacionadas a recorrência da infecção e resistência bacteriana. O objetivo do trabalho é avaliar o perfil de utilização de antimicrobianos para ITU entre as estudantes de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais. Para isso, foi realizado um estudo descritivo transversal entre setembro e dezembro de 2019. Foram coletados os dados sociodemográficos, o perfil da infecção e uso de antimicrobianos, que foram descritos por meio de proporções, médias e desvio-padrões, quando aplicável. Foram incluídas 239 alunas, com média de idade de 23 anos, das quais 20,50% (n= 49) relataram episódios ITU nos últimos 12 meses. Todas as participantes apresentaram pelo menos um sintoma característico da ITU, sendo que os mais citados foram: disúria (n=41; 85,11%), polaciúria (n=35;71,43%) e urina turva (n=31; 63,27%). Ademais, foram relatados hábitos de vida que são fatores de risco para o surgimento da infecção como atraso na micção (n =37; 75,51%), uso de calças apertadas (n=36; 73,47%) e uso de absorventes externo ou protetor de calcinha (n=29; 59,18%). Em relação ao perfil dos antimicrobianos, foram utilizados pelas estudantes o ciprofloxacino (n= 12; 35,29%), amoxicilina + clavulanato de potássio (n =3; 8,82%), fosfomicina (n=2; 5,88%), nitrofurantoína (n=1; 2,94%), norfloxacino (n=1; 2,94%) e sulfametoxazol + trimetoprima (n=1; 2,94%). Os medicamentos utilizados foram obtidos por meio da compra com a prescrição médica (n=31; 93,30%) ou de antimicrobianos restantes de tratamento anterior (n=2; 6,06%). Portanto, o ciprofloxacino foi o antimicrobiano mais utilizado e automedicação foi uma prática realizada entre as estudantes. Isso sugere a necessidade de adequação da conduta clínica dos prescritores na escolha do antimicrobiano mais indicado. Além disso, representam um alerta para a necessidade de promover estratégias capazes de empoderar as estudantes sobre a temática a fim de interferirem nas decisões referentes à sua própria saúde.