Resumo
O mundo ainda está administrando os impactos diretos e indiretos causados pela pandemia da COVID-19, que causou mais de 6 milhões de mortes. Este estudo transversal, realizado em um hospital de campanha no Rio de Janeiro, entre maio e outubro de 2020, avaliou as variáveis demográficas, clínicas e uso de medicamentos prescritos de pacientes COVID-19 com os desfechos clínicos óbito, alta hospitalar e tempo de internação. As associações entre as variáveis foram analisadas por modelos de regressão logística, determinando a razão de chance (OR) e seus respectivos intervalos de confiança (IC) 95%. Ao total, 784 pacientes COVID-19 positivos ficaram hospitalizados aproximadamente 8 dias (0-64), sendo 55,6% do sexo masculino, com 63 anos (20-103), 79,5% apresentando uma ou mais comorbidade, e 34,4% foram a óbito. Os medicamentos mais prescritos foram: 98% anticoagulantes, 82% antibióticos macrolídeos, 79% corticoides e 67% penicilina. A mortalidade foi associada com: ≥ 60 anos (OR=1,9; IC95%=1,3-2,8), obesidade (OR=1,5; IC95%=1,1-2,2), uso de dois ou mais antibióticos (OR=3,1; IC95%=1,6-5,7), uso de corticoide sistêmico (OR=2,7; IC95%=1,7-4,2) e dos antibióticos carbapenêmicos (OR=34,1; IC95%=17,3-67,1), cefalosporinas (OR=2,8; IC95%=2,0-4,9), glicopeptídeos (OR=33,1; IC95%=14,7-75,0) e aminoglicosídeos (OR=23,0; IC95%=6,6-79,6). Os resultados deste estudo podem compor um banco de dados para entender os fatores associados com a mortalidade em pacientes hospitalizados pela infecção do vírus SARSCoV-2, auxiliando na implementação de estratégias terapêuticas e abordagens personalizadas para o manejo de qualquer emergência futura, especialmente em hospitais de campanha com recursos limitados.